domingo, 28 de junho de 2009

BONDE DO JACARÉ

Seja no campo pessoal ou no profissional, mudanças fazem parte do percurso. Viver numa sociedade espantosamente dinâmica e instável é um desafio para todos, pois a velocidade das mudanças exige esforços redobrados e faz com que as pessoas saiam de sua zona natural de conforto.
Desde o início da espécie humana, a força adaptativa foi a responsável pela sobrevivência e pela evolução. Não é o mais forte que tem uma vantagem competitiva, mas sim aquele com uma maior capacidade adaptativa. É necessário aprender a re-aprender, modificar atitudes e pensamentos, renovar valores.
Entretanto, essa necessidade de rever valores pessoais e promover mudanças significativas pode ser desconfortável e encontrar uma batalha difícil de vencer: a resistência interior, o medo do desconhecido e de correr riscos.
Segundo o médico e palestrante Eugênio Mussak, em processos de mudança, nosso cérebro pode reagir de forma absolutamente diferente: para o CORTÉX, área responsável pelo pensamento, razão e lógica, toda mudança é um sinal de novos desafios; já o SISTEMA LÍMBICO, aceita as mudanças que de alguma forma nos gerem prazer, pois sua atividade está relacionada às emoções e sentimentos, mas o grande inimigo da mudança é o SISTEMA R, com sua função relacionada ao repouso, nutrição e sexo, para essa parte de nosso cérebro, mudar dá trabalho, gasta energia. Segundo Mussak, o sistema R é o “jacaré que reside em nós”. Aquele jacaré que depois de encontrar um bom alimento e um bom ambiente, só quer ficar deitado ao sol resistindo à mudança e nos impedindo de continuar.
Voltando ao mundo humano e das organizações, muitas empresas querem mudar, mas ainda não têm forças, o “jacaré” acaba sendo mais forte, pois elas não conhecem o melhor meio para lidar com as resistências.
Mesmo os funcionários mais capazes e atenciosos hesitam e começam a ter dúvidas. Quem vai estar no comando? Será que terei um bom desempenho no novo modelo? Em que minha rotina diária vai mudar?
O melhor ambiente não é aquele do modelo antigo, onde se buscava subir a qualquer custo, os melhores ambientes são os que nos dão condições de evoluir. Quando coisas fundamentais estão acontecendo, é inútil opor-se. É muito melhor cooperar com o inevitável e fazê-lo trabalhar a nosso favor, do que lutar contra o gigante sozinho. Resistir pode fazer passar a oportunidade de encontrar alguma coisa diferente. Mate o jacaré que vive em você!
Aprender é um processo para a vida toda e, quando a iniciativa de mudança funciona, as pessoas podem descobrir habilidades que não sabiam que tinham. Mudem, para não serem mudados. O momento não é apenas de pegar o “bonde”, e sim conduzi-lo.

ANA MARIA MAGNI COELHO
Estréia como Articulista no MogiNews
27 de junho

quinta-feira, 25 de junho de 2009

ADEUS CHARLIE BROWN

Quem nunca se inspirou em Charlie Brown, personagem do desenho animado do Snoopy, para demonstrar sua frustração no ambiente de trabalho que atire a primeira pedra.
Todo profissional sabe que, às vezes, a sensação de esgotamento com relação ao cotidiano das organizações beira o limite do suportável e então a situação “mas que puxa!” parece tornar as coisas ainda mais difíceis.
Quando falta motivação, as pessoas passam a relacionar o trabalho com uma questão de dureza e de complicação, quando na verdade ele deveria ser visto com satisfação e alegria. E pior: essa sensação pode vir acompanhada de intolerância, desencadeando brigas e discussões entre as equipes.
Poderia enumerar diversos fatores responsáveis em deixar nossos colaboradores sem energia, ausência de férias, problemas de saúde ou de relacionamento, mas a falta de motivação é um problema singular e subjetivo que envolve o profissional e a gestão de sua vida e sua carreira.
Para encontrar a tal motivação responda à pergunta: seu trabalho te dá significado?
Uma pessoa que gosta do que está fazendo é naturalmente motivada. Pense nas crianças... Você não precisa motivar crianças! Elas já acordam super motivadas porque o dia é emocionante para elas, sempre há um novo aprendizado.
No ambiente organizacional, o termo motivação nos remete a duas idéias diferentes, mas relacionadas. Do ponto de vista do indivíduo, a motivação é um estado interno que conduz à busca de objetivos. A motivação pessoal afeta a iniciativa, a direção, a intensidade e a persistência de esforço. Um trabalhador motivado segue em frente, concentra os esforços na direção correta, trabalha com intensidade e mantém o esforço. Já do ponto de vista do líder, a motivação é o processo de fazer com que as pessoas persigam objetivos e atinjam resultados que auxiliem a organização. Os dois conceitos possuem um importante significado em comum. A motivação é o dispêndio de esforços para atingir resultados.
A simples análise do termo nos ensina que motivação é termos um motivo para agir (motivo + ação = motivação!). Ora, então é muito simples, afinal cada um de nós está cheio, pleno de motivos!
Mas quais seriam os motivos comuns em uma equipe? O grande desafio do líder é fazer com que cada pessoa crie os seus motivos para lutar por um objetivo comum e criar um ambiente em que as pessoas estejam realmente compromissadas umas com as outras para somarem esforços e, assim, conseguirem alcançar suas metas.
Hoje as pessoas dedicam grande parte de suas vidas às empresas onde trabalham, constroem um estilo de vida, seu sistema de valor e seu interesse central de vida em torno de seu trabalho. Só isso já deveria mantê-las motivadas a se dedicar ao máximo às metas dessa organização, mas o desafio da motivação abrange muitas formas complexas do comportamento humano.
Seria ótimo se pudéssemos colocar tais complexidades do comportamento humano e a dinâmica organizacional dentro de um tubo de ensaio e num simples instante entendêssemos todas as suas variáveis criando uma atmosfera de motivação e respeito mútuo.
Acho engraçado quando as pessoas me perguntam se o SEBRAE-SP tem algum "curso de motivação pessoal”, pois não consigo enxergar meios de motivar as pessoas através de uma receita pronta e padronizada, uma frase ou uma história bonita. Motivação é um processo, não um evento isolado onde se aperta um botão e pronto...
Os principais aspectos da motivação para realização envolvem o auto-conhecimento e enfatizam a prontidão de uma pessoa para confrontar-se com um desafio e lidar adequadamente com ele, aceitar sua responsabilidade pessoal entendendo o impacto sobre responsabilidade partilhada, calcular riscos, resolver problemas e satisfazer necessidades, sejam elas fisiológicas, fundamentais à existência, de segurança, sociais, de estima ou de auto-realização.
Quando você contrata alguém para a sua empresa, normalmente esta pessoa entra naturalmente motivada, disposta a contribuir, rezar o terço da organização e com grandes expectativas de crescer. Isso porque percebe que suas necessidades foram atendidas, afinal ou ela estava infeliz no seu trabalho anterior ou estava desempregada.
Mas então, a falta de perspectiva de futuro, uma rotina enfadonha do trabalho, a falta de reconhecimento e, até mesmo, a falta de conhecimento da empresa onde passa a trabalhar começam a transformar a forma como essa pessoa se relaciona com a empresa.
Lembro-me de uma das formações da seleção brasileira de futebol que fazia referência ao “quadrado mágico”. Lá não deu grandes resultados, mas para um bom ambiente que inspire a motivação das pessoas nas organizações acredito no meu próprio quadrado mágico: respeito, comunicação, transparência e feedback.
Esse é o desafio de qualquer liderança, reforçar continuamente os comportamentos e as atitudes positivas dos funcionários através do respeito, comunicação assertiva, transparência e feedback.
Manter a motivação em alta não é fácil e exige a mesma atenção que damos ao caixa das nossas empresas; mas se, ainda assim, os Charlie Brown sobreviverem é a hora de procurarem outros desenhos a estrelar!

Ana Maria Magni Coelho
Artigo publicado na Revista Arena Empresarial
Edição 03 - junho/julho 2009

sexta-feira, 19 de junho de 2009

GOL DA TECNOLOGIA

Essa semana, pudemos acompanhar importantes decisões do futebol: decisões na Copa Libertadores, na Copa do Brasil e a seleção entrando em campo na estréia da Copa das Confederações. Independente do resultado do meu time (sou são-paulina convicta), acredito que a vitória mais importante dessa semana tenha sido a chegada da tecnologia à principal paixão nacional.
O uso da tecnologia a favor do futebol, auxiliando o juiz e os bandeirinhas, é uma questão polêmica que vejo ser discutida há um bom tempo, mas que pode evitar erros e auxiliar sobremaneira decisões dos árbitros. Espero que o exemplo seja seguido por outro time que também torço muito: o time da micro e pequena empresa.
Dizem também que no futebol, o jogo perderia a dinâmica, mas não foi o que aconteceu no terceiro gol que trouxe a vitoria ao nosso time canarinho. Embora a FIFA ainda não valide o novo recurso, se conseguirmos uma sistema confiável, utilizarmos a tecnologia para momentos decisivos, como a linha do gol, e com comunicação imediata o jogo só tem a ganhar!
No universo das pequenas empresas, a inserção da tecnologia ainda é muito aquém do potencial que seus processos produtivos apresentam. Introduzir a inovação no dia-a-dia dos negócios é uma forma de ampliar suas próprias possibilidades e torná-los competitivos para o mercado globalizado.
O juiz com ponto eletrônico pode controlar melhor o jogo e o empreendedor com acesso à tecnologia pode aperfeiçoar o desempenho de sua empresa.
Na verdade, as razões para assumir a tecnologia e a inovação em qualquer jogo são muitas: melhorar os métodos de produção, agregar valor ao resultado, substituir produtos obsoletos e certamente, aumentar a competitividade de forma transparente e responsável.
Mesmo que os recursos tecnológicos ainda não estejam devidamente regulamentados no esporte, tenho a esperança de que o resultado do jogo Brasil X Egito abra os olhos das micro e pequenas empresas. Quando falamos em modernização dos processos de gestão, logo os empresários enxergam investimentos enormes em informatização, controles e automação dos processos, mas na verdade um simples “ponto eletrônico” pode fazer toda a diferença.
Não adianta esperar o tira-teima para reclamar do juiz depois, é preciso assumir que processos de inovação podem transformar o resultado do nosso próprio jogo. Basta que o empreendedor decida qual é o jogo que pretende ganhar.
E você, pretende assumir o jogo da tecnologia ou vai voltar a jogar botão?

ANA MARIA MAGNI COELHO
Junho/2009

domingo, 14 de junho de 2009

A RESPONSABILIDADE TAMBÉM É SUA!



No artigo dessa semana, não pude deixar de refletir sobre a participação popular nos processos de desenvolvimento local.
No SEBRAE-SP realizamos inúmeros eventos com foco no engajamento e envolvimento das lideranças em nossos projetos e nas inumeras possibilidade de construção conjunta, mas muitas vezes nos sentimos frustrados pelo baixo nº de adesões.
Essa semana, vivemos uma rica experiência com apresentação dos indicadores socioeconômicos da região no nosso escritório. Sala cheia... Lideranças presenças... Novas propostas... Novos olhares para aquilo que sempre olhamos...
Esse é o caminho! Afinal, não podemos esperar que os outros tomem, sozinhos, decisões de afetarão as nossas vidas... É preciso assumir nosso papel de forma voluntária, com o desejo efetivo de contribuir com a região em que vivemos. Isso é cidadania! É ser protagonista da principal história que temos a viver: a nossa!

A RESPONSABILIDADE TAMBÉM É SUA

Acredito que em um futuro não muito remoto as pessoas serão o fator determinante aos processos de desenvolvimento estruturado e sustentável das regiões.
Pessoas como eu ou você, que com conhecimentos e experiências próprias auxiliarão a construção de novos modelos de gestão e de organização social. Precisaremos deixar de lado modelos antigos e ousar vivenciar o novo, assumindo um papel que nos inspire a construir essa nova realidade e construa uma efetiva rede de cooperação constituída por pessoas e organizações interessadas em contribuir para o desenvolvimento.
O medo do desconhecido pode fazer com que muitas pessoas deixem de participar ativamente, agindo como coadjuvantes que se acomodam frente a decisões de terceiros que impactam diretamente suas próprias vidas.
Há casos ainda mais graves: aqueles que se limitam a considerar apenas o seu diminuto espaço individual, ilhando-se em suas próprias fronteiras. Com isso, desperdiçam infinitas oportunidades de contribuição, concepção e implementação de mudanças.
Vivemos um momento importante no Alto Tietê: início de mandatos das administrações municipais, a concepção do consórcio intermunicipal, o desejo de consolidar a agência de desenvolvimento regional...
Fica evidente que novos modelos estão surgindo, com novos padrões organizacionais e novas formas de regulação das relações, criando um campo favorável ao cultivo de uma cultura colaborativa.
Será um caminho repleto de desafios... Enfrentaremos nosso próprio despreparo, a imaturidade e as diferenças presentes na governança, a dificuldade em identificar as necessidades regionais que possam despertar nossas reais vocações, a transição do paradigma da competição para a cooperação até a percepção da interdependência.
Mas não podemos desistir, devemos tratar as diferenças com maturidade. Esse é o caminho que nos colocará definitivamente no século XXI e permitirá que nossa região seja reconhecida com o destaque que merece.
É preciso participar! Cada um de nós deve ter a disposição para ser guiado pela generosidade, pela gentileza e pelo respeito ao outro entendendo que o crescimento de nossa região dependerá do esforço voluntário e integrado de lideranças empresariais e políticas, associações, sindicatos, universidades e toda a sociedade civil.
Afinal quem faz o desenvolvimento regional são as pessoas assumem seu papel de sujeitos da própria história.


ANA MARIA MAGNI COELHO
Junho/2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

DA COMPETIÇÃO À COOPERAÇÃO


Aparentemente contraditórias, essas palavras têm coexistido nos relacionamentos organizacionais recentes. Ao pensarmos na cooperação, o pronome “nós” prevalece ao pensamento individual, mas tanto cooperação quanto competição são formas de “com-vivermos” com o mundo com crenças, comportamentos, estilos e práticas sociais diferentes.
O mercado de trabalho moderno tem dado grande valor à capacidade das pessoas trabalharem em equipe, o que não significa dividir um mesmo espaço.
Cooperação vai além: requer relações de respeito mútuo, tolerância, diversidade e, conseqüentemente, um processo de negociação constante para obtenção de resultados que proporcionem vantagens para todos, reconhecendo que cada membro de um time depende dos outros para sobreviver.
Assistimos a infinitos jogos de poder, resultados de uma competição desenfreada: a lei de Gerson, passar a perna, olho gordo, briga de galo são expressões populares da competição. A possibilidade de dominar, de usar a criatividade a serviço de si próprio, da espionagem, de trapaças e de dissimulações traz um lado muito pesado ao comportamento competitivo nas organizações.
É verdade que, em alguns momentos, a competição nos estimula à aprendizagem, mas talvez isso deva ficar no ambiente dos esportes e não em nossas relações de trabalho, onde a maior competição deveria ser a de vencer a si mesmo e não ao outro.
Esse é o mundo que vejo se construir e prosperar... Um mundo em que ser melhor a cada dia pode ser um fator de cooperação, afinal se eu busco melhorar, melhoro também o time ao qual eu faço parte.
Hoje vemos parcerias inconcebíveis há uma década atrás: carroceria de uma empresa equipada com motor de outra, grandes blocos econômicos sendo substituídos por esforços de cooperação, cooperativas dando oportunidades à diversas pessoas para escoamento de suas produções... Isso sem contar as inúmeras redes de pessoas cujo objetivo é, através da cooperação, evitar a destruição da vida no planeta e preservar o meio ambiente.
Acredito muito nesse novo modelo, e com muita “paz-ciência” espero ver um mundo em que o trabalho em equipe efetivamente transcenda as salas das empresas e traga o verdadeiro sentido de solidariedade, cooperação e ganho para todos, em real “comum-unidade”


ANA MARIA MAGNI COELHO
Junho/2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

VALE A PENA SER LEGAL


No dia 1º de julho entra em vigor a lei do micro empreendedor individual, com regras para quem tem negócios com faturamento de até R$ 36 mil por ano, como feirantes, costureiras e manicures, por exemplo.
Certamente vencemos uma etapa rumo à cidadania empresarial de muitos empreendedores.
Previsões da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho apontam a formalização de aproximadamente 320 mil empreendedores individuais do Estado de São Paulo que finalmente poderão ser incluídos nas estatísticas econômicas do nosso país e acabar com muitas preocupações que atormentam a vida de quem exerce essas atividades menores.
Essas pessoas vivem na invariável dúvida sobre sua aposentadoria, sobre uma possível licença-saúde ou no constante medo da fiscalização e angustia por não poder assumir compromissos como financiamentos.
A nova lei traz a possibilidade, de um jeito simples e barato, de acabar com essa agonia e formalizar diversas atividades. Pode ser MEI, o empreendedor individual (ou seja, sem sócio) que emprega até uma pessoa, se enquadre no Simples Nacional e desempenhe atividades nas áreas industrial, comercial e de serviços, exceto locação de mão-de-obra e com rendimento de até R$ 3 mil/mês.
A regularização dessas atividades menores reconhece a importância e valoriza o trabalhador que as exerce. Permite, ainda, identificar tarefas que de fato contribuem para o Produto Interno Bruto (PIB) e que hoje não podem ser devidamente medidas em termos da riqueza que produzem.
Se você se enquadra nesse perfil e pretende legalizar o seu empreendimento, não se esqueça que uma receita de sucesso pronta não existe, mas o estudo do cenário econômico, o planejamento prévio e o conhecimento do mercado e do seu segmento de atuação dão maior segurança àquilo que é fruto do seu sonho e na maioria das vezes de anos de economias pessoais e patrimônio familiar.
Sonhar vale à pena, mas acordar reconhecido pela contribuição que você dá ao crescimento do nosso país, criando oportunidades e gerando emprego e renda traz a confiança que, a partir do tratamento diferenciado dado aos micro e pequenos empresários, vale à pena ser legal.

Ana Maria Magni Coelho
Maio/2009
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